terça-feira, 28 de julho de 2009

Kassab quer destruir a praça Elis Regna no Butantã

Pelo projeto, a praça será substituída por um túnel e uma avenida. Até o Parque da Previdência corre risco
O bairro do Butantã, na Zona Oeste, será a próxima vítima da administração demo-tucana de São Paulo. A prefeitura se prepara para implementar um projeto que vai destruir a Praça Elis Regina e que colocará em risco o Parque da Previdência, uma das poucas áreas verdes da região.

O projeto prevê a construção de uma via expressa e um túnel que ligará as avenidas Corifeu de Azevedo Marques e Eliseu de Almeida. Essa intervenção se dá por meio da Operação Urbana Consorciada Vila Sônia, um instrumento de parceria público-privada que prevê especulação financeira sobre o solo urbano criado. Os metros quadrados a mais que serão gerados na região serão negociados na Bolsa.

A operação significa destruição da praça, comprometimento do parque, adensamento, com a verticalização da região por meio da construção de mais prédios. O Butantã sofrerá os mesmos erros históricos que já foram cometidos em outros bairros da cidade, nos quais se privilegiou a impermeabilização do solo e o transporte por automóvel.

O texto completo está no Blog+Saúde.

Foto: Blog+Saúde.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Uma visão geral da escola

De nada adianta dizer que a educação é a prioridade se não exigirem dos governantes que se impeça o descaso


O professor Mário Sergio Cortella, doutor em educação pela PUC SP defende um período de 9 anos para o ensino fundamental, a nacionalização do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e das cotas para afrodescendentes.

Esses foram os assuntos que ele apresentou no Seminário Municipal de Educação e na Jornada Pedagógica em São Bento do Sul, em Santa Catarina. Antes, ele falou para o jornal A Notícia.


Leia a entrevista

Se fosse possível sintetizar os problemas da educação em um só, qual seria?
Cortella – principal problema da educação é o desprestígio da escola. As pessoas desprezam a estrutura escolar como algo secundário na formação dos jovens e crianças. Esse desprezo se manifesta no descuido que se permite que o poder público tenha com a estrutura da escola. De nada adianta dizer que a educação é a prioridade se não exigirem dos governantes que se impeça o descaso.

Podemos dizer que o professor é um dos responsáveis pelo desinteresse dos jovens na escola?
Cortella – Não é a questão de um professor. A educação escolar não é uma tarefa individual. É uma tarefa coletiva de um grupo maior de pessoas. A família precisa colaborar mais nesse aspecto.

Como a família pode ajudar a escola nesse processo?
Cortella – A família não colabora com a educação dos filhos por um simples motivo: ela é a maior responsável pela educação. A tarefa colaborativa é da escola, não da família. O que a escola faz é cuidar da escolarização, não da educação. A educação é muito mais ampla do que isso. A escola é que deve colaborar com a família na educação, e não o contrário.

O senhor viaja o País todo. O que vê na educação catarinense que não tem em outros Estados?
Cortella – Santa Catarina tem uma educação muito comunitária. Tem uma presença muito grande da comunidade na escolarização. É uma sociedade que se organiza e que se obriga a ter uma presença muito forte da comunidade nas coisas, mesmo que o equipamento seja público. Isso dá um diferencial muito significativo e positivo para os catarinenses. Boa parte das famílias se sente, de fato, aquilo que ela é: proprietária da escola pública.

O senhor é a favor da criação de um ano extra no ensino fundamental (EF)?
Cortella – Sou absolutamente favorável a um EF de nove anos, inclusive porque é assim em países desenvolvidos. A França, que é nossa grande inspiradora, tem EF de nove anos. Claro que isso não pode ser colocado de forma abrupta. Mais do que isso: defendo que a educação básica seja obrigatória, em todos os níveis, inclusive no médio.

O senhor acha o vestibular um modelo justo de acesso à universidade?

Cortella – Há duas coisas que só existem no Brasil: jabuticaba e esse modelo de vestibular. Esse modelo é absolutamente cruel em relação à democratização do acesso. Quando se tem políticas de aumento do número de vagas, permitindo um acesso amplo, o vestibular deixa de ter o seu lugar. A partir daí, é necessário que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) seja incorporado na estrutura da seleção.

O senhor concorda, então, com o novo modelo do Enem?

Cortella – Sem dúvida. Não precisa ser feito tudo de uma vez. Defendo, também, a nacionalização do Enem, ou seja, que pessoas de qualquer região disputem em condições de igualdade com as pessoas da região.

E o sistema de cotas é positivo?

Cortella – Sou um defensor das cotas para afrodescendentes alunos da rede pública. Para afrodescendentes, como uma medida emergencial. Ela não é suficiente, mas é necessária. Defendo que envolva pelo menos uma geração completa, tal como aconteceu nos EUA. Nós não teríamos um Barack Obama como presidente formado em Harvard se ele não tivessem investido nessa política.