Para professor da USP, os resultados preocupam e suscitam um plano emergencial do governo na educação
Embora a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo tenha considerado positivos resultados do Saresp (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo), dados do exame apontam que mais da metade dos estudantes não atingem o nível de proficiência considerado adequado nas disciplinas avaliadas - Matemática, Português, Ciências e Redação.
A secretaria aponta como evolução o desempenho em Matemática, disciplina a qual os alunos das escolas públicas do Estado tiveram melhor resultado em 2008 que o registrado no exame do ano anterior. Para a secretária Maria Helena Guimarães de Castro - que será substituída na segunda-feira pelo ex-ministro da Educação Paulo Renato de Souza -, o resultado do Saresp 2008 foi positivo, principalmente no Ensino Médio. "Claro que ainda há muito a avançar, mas o ritmo de crescimento tem sido constante."
Na avaliação de educadores, no entanto, a evolução do ensino público está muito aquém do ideal. "Os números são preocupantes. e mostram a necessidade de um plano emergencial do governo", analisou o professor Ocimar Munhoz Alavarse, da Faculdade de Educação da USP (Universidade de São Paulo).
Na 4ª série do Ensino Fundamental, por exemplo, 67,7% dos alunos foram classificados com nível de aprendizado básico ou abaixo do básico em Língua Portuguesa. Alcançaram nível considerado adequado apenas um de cada quatro alunos. No estágio avançado o índice é de apenas 6,5%. Nesse último nível o percentual cai à medida em que aumenta a escolaridade. Na última série do Ensino Médio - período de preparação para ingressar em uma universidade - apenas 0,9% dos estudantes avaliados pelo Saresp atingiram o nível avançado.
No Grande ABC, o desempenho dos estudantes seguiu a tendência estadual. No Ensino Médio, o índice abaixo do básico ou básico é superior a 60% na maioria das cidades. Só São Caetano é um pouco melhor, com 58,7%. Os maiores índices são de Diadema (76,5%) e Rio Grande da Serra (76,4%).
A avaliação foi realizada no fim de novembro do ano passado e o resultado foi divulgado quinta-feira pela Secretaria de Estado da Educação. Participaram do exame 1,8 milhão de estudantes da 2ª, 4ª, 6ª e 8ª séries do Ensino Fundamental e 3º ano do Ensino Médio.
Com informações do Diário do Grande ABC
segunda-feira, 13 de abril de 2009
Escolas da Bahia recebem computadores
Em contrapartida, sofrem com a falta de vagas, carteiras, professores, merenda, entre outras prioridades
“Deve ser para passar filme”. Foi isso que pensou Marcos Oliveira, 19 anos, quando viu aquela televisão azul na sala de aula do Colégio Estadual Professor Carlos Barros, onde estuda, em Paripe (estado da Bahia). Só um mês depois do início do ano letivo, o jovem soube que se tratava de um monitor educacional, ao conversar com a reportagem: “Achava que era uma TV comum. Não imaginava que tinha essa tecnologia. Ninguém explicou nada para a gente”.
Para Marcos, a falta de diálogo da instituição com os alunos só não é pior do que a falta de carteiras em sala. “As turmas ficam se revezando, porque não tem lugar para todo mundo. Eu mesmo só tenho aula três vezes por semana”, conta. Para ele, a proposta dos monitores é boa, mas antes deveriam ser sanadas as questões mais essenciais. “Como é que o governo coloca uma TV como essa lá e não dá as cadeiras, que é o fundamental para assistir à aula?”, questiona.
As queixas se acumulam. “Por favor, coloque aí que não tem merenda”, repetiu, diversas vezes, Josicleide Barbosa dos Santos, 14 anos. “O banheiro é sujo, quebrado, riscado, fede”, indigna-se Chirle Silva de Jesus, 16 anos. “Laboratório de informática tem, mas a gente não usa. Também não deixam a gente usar o auditório”, destaca Vivian Nascimento dos Santos, 13 anos, colega das outras duas na Escola Estadual Ministro Aliomar Baleeiro, em Pernambués.
“Faltam professores de português, educação física, artes e religião. Quem estuda à tarde não tem acesso ao computador e merenda não tem todo dia”, denuncia Grazielle Nery de Almeida, 12, estudante da 6ª série do Colégio Estadual Francisco da Conceição Menezes, no Cabula. Ela já ouviu falar da TV Pendrive, mas garante que as salas de sua escola ainda não receberam a novidade. E arrisca: “Acho que é uma TV que vai substituir o professor, mas não sei como funciona”.
Paradoxo – No Colégio Estadual Mestre Paulo dos Anjos (Bairro da Paz), a instalação das TVs chega a ser paradoxal para o professor de geografia Jayme Nobre. A unidade, que abriga quase 1.500 alunos, sequer possui sede própria – fica dividida entre dois prédios em ruas distintas; são cinco salas em um e sete em outro – e ainda carece de professores. A rede elétrica também não é das melhores: já sofreu curto-circuito no final do ano passado.
“Muitas salas são pequenas e falta ventilação. Além disso, a escola não possui área de lazer, nem biblioteca. Enquanto isso, a gente vê o Estado investir milhões na compra desses equipamentos”, compara Nobre. Por outro lado, ele não descarta o benefício da novidade. “A TV Pendrive é uma ferramenta a mais que vai servir de atrativo. A imagem fala mais do que mil palavras”, pondera.
Quem já experimentou o recurso em sala, como a aluna da Escola Polivalente de Amaralina, Agnes Guerra, 10 anos, aprovou a novidade. Ela já assistiu aulas de português, história e religião com a nova ferramenta: “Enquanto o professor explica, a gente vai vendo tudo na TV. Fica mais fácil para entender o assunto”. Ainda sem capacitação e sem o pendrive prometido pela SEC, os docentes de lá estão correndo atrás por conta própria.
É o caso de Celeste Moraes, que ensina língua portuguesa. Ela já usou a TV para exibir conteúdo escrito sobre produção textual, mas ainda não soube explorar os recursos visuais. “Estou pegando umas dicas com dois colegas que já estão mais inteirados dessa tecnologia. Ainda estou me acostumando, mas tenho achado maravilhoso”, diz.
Fiação – Na Escola Estadual Anísio Teixeira (Caixa D’Água), o que chama atenção são os 22 monitores educacionais ainda lacrados nas caixas armazenadas na sala da direção. De acordo com a diretora Josane Cardoso, os aparelhos não foram instalados por deficiência na rede elétrica da unidade, que já teria 40 anos sem nunca ter passado por uma reforma geral.
A única TV Pendrive em funcionamento pode ser vista na sala de vídeo, onde a fiação de oito ventiladores sai da mesma caixa de energia, demonstrando a sobrecarga da rede. “A gente não pode ligar três computadores de vez, senão a rede cai. Eu tenho de trocar lâmpadas a cada 15 ou 20 dias, porque queimam logo”, diz a diretora. Segundo ela, um ofício seria enviado à SEC pedindo substituição da fiação elétrica.
O reparo é o que pode possibilitar também a instalação de 25 computadores (CPU com teclado e mouse) que se encontram igualmente embalados na sala da direção. Até hoje, a escola não possui laboratório de informática. “O mundo avançou e a escola ficou estanque, com o mesmo formato de quatro décadas atrás. O aluno de rede pública pode não ter computador em casa, mas tem na lan house de R$ 1”, lembra Josane.
Fonte: A TARDE
“Deve ser para passar filme”. Foi isso que pensou Marcos Oliveira, 19 anos, quando viu aquela televisão azul na sala de aula do Colégio Estadual Professor Carlos Barros, onde estuda, em Paripe (estado da Bahia). Só um mês depois do início do ano letivo, o jovem soube que se tratava de um monitor educacional, ao conversar com a reportagem: “Achava que era uma TV comum. Não imaginava que tinha essa tecnologia. Ninguém explicou nada para a gente”.
Para Marcos, a falta de diálogo da instituição com os alunos só não é pior do que a falta de carteiras em sala. “As turmas ficam se revezando, porque não tem lugar para todo mundo. Eu mesmo só tenho aula três vezes por semana”, conta. Para ele, a proposta dos monitores é boa, mas antes deveriam ser sanadas as questões mais essenciais. “Como é que o governo coloca uma TV como essa lá e não dá as cadeiras, que é o fundamental para assistir à aula?”, questiona.
As queixas se acumulam. “Por favor, coloque aí que não tem merenda”, repetiu, diversas vezes, Josicleide Barbosa dos Santos, 14 anos. “O banheiro é sujo, quebrado, riscado, fede”, indigna-se Chirle Silva de Jesus, 16 anos. “Laboratório de informática tem, mas a gente não usa. Também não deixam a gente usar o auditório”, destaca Vivian Nascimento dos Santos, 13 anos, colega das outras duas na Escola Estadual Ministro Aliomar Baleeiro, em Pernambués.
“Faltam professores de português, educação física, artes e religião. Quem estuda à tarde não tem acesso ao computador e merenda não tem todo dia”, denuncia Grazielle Nery de Almeida, 12, estudante da 6ª série do Colégio Estadual Francisco da Conceição Menezes, no Cabula. Ela já ouviu falar da TV Pendrive, mas garante que as salas de sua escola ainda não receberam a novidade. E arrisca: “Acho que é uma TV que vai substituir o professor, mas não sei como funciona”.
Paradoxo – No Colégio Estadual Mestre Paulo dos Anjos (Bairro da Paz), a instalação das TVs chega a ser paradoxal para o professor de geografia Jayme Nobre. A unidade, que abriga quase 1.500 alunos, sequer possui sede própria – fica dividida entre dois prédios em ruas distintas; são cinco salas em um e sete em outro – e ainda carece de professores. A rede elétrica também não é das melhores: já sofreu curto-circuito no final do ano passado.
“Muitas salas são pequenas e falta ventilação. Além disso, a escola não possui área de lazer, nem biblioteca. Enquanto isso, a gente vê o Estado investir milhões na compra desses equipamentos”, compara Nobre. Por outro lado, ele não descarta o benefício da novidade. “A TV Pendrive é uma ferramenta a mais que vai servir de atrativo. A imagem fala mais do que mil palavras”, pondera.
Quem já experimentou o recurso em sala, como a aluna da Escola Polivalente de Amaralina, Agnes Guerra, 10 anos, aprovou a novidade. Ela já assistiu aulas de português, história e religião com a nova ferramenta: “Enquanto o professor explica, a gente vai vendo tudo na TV. Fica mais fácil para entender o assunto”. Ainda sem capacitação e sem o pendrive prometido pela SEC, os docentes de lá estão correndo atrás por conta própria.
É o caso de Celeste Moraes, que ensina língua portuguesa. Ela já usou a TV para exibir conteúdo escrito sobre produção textual, mas ainda não soube explorar os recursos visuais. “Estou pegando umas dicas com dois colegas que já estão mais inteirados dessa tecnologia. Ainda estou me acostumando, mas tenho achado maravilhoso”, diz.
Fiação – Na Escola Estadual Anísio Teixeira (Caixa D’Água), o que chama atenção são os 22 monitores educacionais ainda lacrados nas caixas armazenadas na sala da direção. De acordo com a diretora Josane Cardoso, os aparelhos não foram instalados por deficiência na rede elétrica da unidade, que já teria 40 anos sem nunca ter passado por uma reforma geral.
A única TV Pendrive em funcionamento pode ser vista na sala de vídeo, onde a fiação de oito ventiladores sai da mesma caixa de energia, demonstrando a sobrecarga da rede. “A gente não pode ligar três computadores de vez, senão a rede cai. Eu tenho de trocar lâmpadas a cada 15 ou 20 dias, porque queimam logo”, diz a diretora. Segundo ela, um ofício seria enviado à SEC pedindo substituição da fiação elétrica.
O reparo é o que pode possibilitar também a instalação de 25 computadores (CPU com teclado e mouse) que se encontram igualmente embalados na sala da direção. Até hoje, a escola não possui laboratório de informática. “O mundo avançou e a escola ficou estanque, com o mesmo formato de quatro décadas atrás. O aluno de rede pública pode não ter computador em casa, mas tem na lan house de R$ 1”, lembra Josane.
Fonte: A TARDE
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